3 de outubro de 2013

Não preciso, então partilho

Quando postei o texto sobre o Jardim de Infância foi porque ele é atual e verdadeiro.
Embora o tenha lido em, digamos 1800 e bolinhas, no meu Curso Normal, cada dia que passa ele torna-se mais atual. 
É na escola, na infância onde aprendemos tudo sobre a vida. E eu sou agraciada com a possibilidade de ter perto de mim tanta energia boa vinda de meus pequenos alunos.
Episódio de hoje: se tenho e não preciso, partilho.

Ajustando a sala para que pudéssemos prosseguir para uma próxima atividade, ouço:
--- Toma "www 1" esse dinheiro é seu e minha mãe mandou eu devolver.
Chamo os dois em particular e pergunto o que houve? O valor em questão eram cinco reais.
A menina, www 2 me diz:
--- Professora, ontem a " www 3" não tinha lanche e www1 me deu dois reais para ela comprar o lanche para ela, depois ele me deu esses cinco reais. Ai eu disse a ele que não era certo ele me dar dinheiro porque esse dinheiro era dele, mas ele insistiu e disse que era para que eu ficasse com ele.
Sim, a dispensei da conversa.
Www1 argumenta:
--- Mas eu já tinha usado para que eu queria, comprei meu lanche. Esse dinheiro sobrou e achei que elas iriam precisar, então dei para elas.
Encurtando a história, conversei com ele sobre o que e como partilhar. Ele entendeu e pegou o dinheiro de volta.
Mas como não se emocionar com alguém que diz que se não preciso, por que não dividir?
 Www1 é um menino dotado de muita sabedoria e de um espírito fraterno como todos nós deveríamos possuir, ou no mínimo, buscar luz que clareasse nossos pensamentos e ações, que nos impulsionasse a acumular apenas o necessário e descartar o supérfluo.
Como dizia Manoel de Barros

Sou hoje um caçador de achadouros da infância. Vou meio dementado e enxada às costas cavar no meu quintal vestígios dos meninos que fomos.

Vamos cavar vestígios de infância em ações do ai-a-dia, assim poderemos viver em um mundo cheio de boas  ações.

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