Hoje vi uma
reportagem falando em como as meninas vêm assumindo seus cachos e volumes no
cabelo. Achei bem legal porque na
verdade durante muito tempo me vi em um grande embate com meus cabelos.
Desde bem
pequena me lembro da minha mãe reclamar de meus cachos e volume de cabelo. Para
ir a escola poderia ser confundida facilmente com uma oriental, não pela
textura do cabelo, mas pelos olhos puxados de tanto esticar a “Maria Chiquinha”
ou mesmo o rabo de cavalo, assim garantia umas três horas de cabelos domados.
Invariavelmente
eu finalizava a volta para casa com os fios da frente se soltando e o desespero
me invadindo, afinal já estaria eu descabelada novamente. Em todas as fotos da
escola apareço com uma bela coroa de cabelos em pé ao redor da cabeça.
De tudo foi
passado na minha cabeça com intuito de melhorar a aparência do cabelo. Minha
cabeça parecia uma mesa de degustação: Maionese,
banana amassada, azeite, babosa (agora aloe vera), tudo que se falava minha mãe
passava. Sem falar na gelatina incolor no lugar de gel. Ainda bem que minha
infância não foi na era da internet, assim as receitas se restringiam as dicas
de beleza da vizinha ou, no melhor das hipóteses, de alguma revista feminina.
E outra,
algumas vezes, como eu resistia aos inúmeros puxões pela escova de cabelo,
lembre-se que as cerdas eram duras e nada flexíveis como as de hoje, como “punição” ganhava de
presente um corte “Joãozinho” a navalha
no barbeiro.
Cremes alisantes???
Muitos! Ganhei até uma transformação de um cabeleireiro famoso no RJ, que
transformava bruxinhas em princesas. Uma grana custou isso, mas nada se
comparava a ser realmente uma princesa (leia-se aquela que acorda com os
cabelos no lugar).
Não culpo
minha mãe por nada disso, acho sim que isso era uma cultura na época e poucas
pessoas se sentiam a vontade em ir contra ao que o mundo gritava como correto e
padronizado.
Enfim...
cresci e mantive meus cabelos ora muito curtos, ora puxados para trás em um
imenso rabo.
Veio o “BUM”
dos cabelos lisos sem sacrifício, progressiva, formol, definitiva e mil outros
nomes... confesso que aderi por algumas vezes, mas aquilo não me parecia
confortável e aos poucos fui criando coragem de dizer NÃO! Não a ser essa brasileira
nascida com uma chapinha nas mãos, que enfrenta chuva molhando os corpo e
pegando pneumonia, mas jamais deixando os cabelos molharem.
Eu já fiz
muita coisa nessas madeixas: mega hair, trança afro, curto, longo, loiro ou
preto azulado, mas respeitando meus doces cachinhos, me respeitando.
Hoje, gosto
de lavar meus cabelos, passar um creme de perfume agradável e deixá-los secar
ao vento, transformando-se ao longo do dia, assim como eu, iniciando a manhã
comportada e jurando organização e finalizando o dia alvoroçada e embaraçada
esperando um novo recomeçar.